Anamorfose  Grego anamorphosis. Francês anamorphose.A anamorfose acontece quando uma imagem aparece deformada se é vista da maneira habitual, ficando às vezes indecifrável. Todavia, em certos casos, quando o observador se posta em uma posição oblíqua, consegue enxergar a imagem como ela seria vista de frente. A designação oblíqua: porque é muito diferente do olhar com que costumamos ver um objeto, ou uma paisagem.

O pintor, ou artista gráfico, deformou as imagens de tal maneira que só parecem corrigidas quando são observadas de um determinado ângulo. As anamorfoses surgiram em obras de arte no período do renascimento. A partir do século 17, utilizaram-se espelhos para deformar a realidade, nos quais a imagem aparece como algo monstruoso (geralmente espelhos cilíndricos, piramidais ou cônicos). Também se usam lentes especiais. Nestas circunstâncias, surge algumas vezes a qualificação de imagens catóptricas (ou seja, que são objeto de análise em um ramo da física que estuda as luzes refletidas).

Na história da pintura ocidental é mencionado um caso célebre de anamorfose, o quadro Os embaixadores, do alemão Hans Holbein (1497-1543), pertencente à National Gallery, de Londres. Na parte inferior da obra surge uma forma oblonga estranha. Quando observada do lado direito e bem perto do plano da tela, descobre-se que é uma caveira humana. Isto pode ser comprovado no monitor do computador: para ver claramente a caveira, o observador deve fechar o olho esquerdo; colocar seu olho direito muito perto da meia altura da imagem, e uns 10 cm à direita. O simbolismo que o artista tentou mostrar neste quadro, tanto na utilização da anamorfose, como da caveira, permanece obscuro.

A utilização moderna mais comum da anamorfose se relaciona com as sinalizações nas estradas, por exemplo, com setas desenhadas na pista, indicando sentido obrigatório ou impondo limites de velocidade.

A anamorfose é diferente do trompe l’oeil. Esta expressão francesa designa uma técnica que sugere a tridimensionalidade, “enganando o olho”. Até aqui coincide com o objetivo da anamorfose. Porém, nesta última, o observador está perante algo que não tem sentido quando observado de maneira convencional. Ao passo que no trompe l’ oeil, o olhar (habitual) é levado a ver uma realidade inventada pelo artista, parecendo que ela realmente assim existe. A pintura perspectivista utilizou frequentemente esta técnica, sobretudo a partir do renascimento. 

Entre exemplos de anamorfose: As Infantas, de DiegoVelásquez (1599-1660) no Museu do Prado, em Madri; A Ronda da Noite, de Rembrandt van Rijn (1606-69) no Museu de Amsterdã. As figuras “parecem” ainda mais reais quando observadas através de um espelho.