O CORDEL E A XILOGRAFIA DE J. ARAUJO
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J. Araujo, Série Cordel
 A Cantada



A LITERATURA DE CORDEL

A literatura de cordel é um tipo de poesia popular, originalmente oral, e depois impressa em folhetos rústicos ou outra qualidade de papel, expostos para venda pendurados em cordas ou cordéis, o que deu origem ao nome que vem lá de Portugal, que tinha a tradição de pendurar folhetos em barbantes. No  Nordeste do Brasil, herdamos o nome (embora o povo chame esta manifestação de folheto), mas a tradição do barbante não perpetuou. Ou seja, o folheto brasileiro poderia ou não estar exposto em barbantes. São escritos em forma rimada e alguns poemas são ilustrados com xilogravuras, o mesmo estilo de gravura usado nas capas. As estrofes mais comuns são as de dez, oito ou seis versos. Os autores, ou cordelistas, recitam esses versos de forma melodiosa e cadenciada, acompanhados de viola, como também fazem leituras ou declamações muito empolgadas e animadas para conquistar os possíveis compradores.

 

História

A história da literatura de cordel começa com o romanceiro luso-espanhol da Idade Média e do Renascimento. O nome cordel está ligado à forma de comercialização desses folhetos em Portugal, onde eram pendurados em cordões, lá chamados de cordéis. Inicialmente, eles também continham peças de teatro, como as de autoria de Gil Vicente (1465-1536). Foram os portugueses que trouxeram o cordel para o Brasil  desde o início da colonização. Na segunda metade do século XIX começaram as impressões de folhetos brasileiros, com características próprias daqui. Os temas incluem desde fatos do cotidiano, episódios históricos, lendas, temas religiosos, entre muitos outros. As façanhas do cangaceiro Lampião (Virgulino Ferreira da Silva, 1900-1938) e o suicídio do presidente Getúlio Vargas (1883-1954) são alguns dos assuntos de cordéis que tiveram maior tiragem no passado. Não há limite para a criação de temas dos folhetos. Praticamente todo e qualquer assunto pode virar cordel nas mãos de um poeta competente.

No Brasil, a literatura de cordel é produção típica do Nordeste, sobretudo nos Estados de Pernambuco, da Paraíba, do Rio Grande do Norte do Ceará. Costumava ser vendida em mercados e feiras pelos próprios autores. Hoje também se faz presente em outros Estados, como Rio de Janeiro, Minas Gerais  e São Paulo.O cordel hoje é vendido em feiras culturais, casas de cultura, livrarias e nas apresentações dos cordelistas.

Os poetas Leandro Gomes de Barros (1865-1918) e João Martins de Athayde (1880-1959) estão entre os principais autores do passado.

Todavia, este tipo de literatura apresenta vários aspectos interessantes e dignos de destaque:

  • As suas gravuras, chamadas xilogravuras, representam um importante espólio do imaginário popular;
  • Pelo fato de funcionarem como divulgadoras da arte do cotidiano, das tradições populares e dos autores locais (lembre-se a vitalidade deste gênero ainda no nordeste do Brasil), a literatura de cordel é de inestimável importância na manutenção das identidades locais e das tradições literárias regionais, contribuindo para a manutenção do folclore nacional;
  • Pelo fato de poderem ser lidas em sessões públicas e de atingirem um número elevado de exemplares distribuídos, ajudam na disseminação de hábitos de leitura e lutam contra o analfabetismo;
  • A tipologia de assuntos que cobrem, crítica social e política e textos de opinião, elevam a literatura de cordel ao estandarte de obras de teor didático e educativo.
 
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O CORDEL DE J. ARAUJO






J. Araujo

 

 

é o nome artístico adotado por Jonathas Araujo, natural de Salvador, Bahia,  1940.   Com os pais, em 1948 veio para o Rio de Janeiro,  onde reside até hoje.

 

Por influência da mãe, que pintava desde jovem, iniciou suas primeiras pinceladas, como autodidata,  em 1957. Em Copacabana  teve a oportunidade de conhecer e conviver com pintores, hoje famosos, que se reuniam nos bares da praia no perímetro da Sá Ferreira, onde morava. Lá conheceu Jorge Beltrão, a seu ver o primeiro marchand brasileiro, que,  encantado com a arte "naif " de Araujo, o convidou para expor  na "Montmartre Jorge" de sua propriedade. Essa foi a sua primeira exposição individual. 
 
Daí em diante tem sido um desfiar constante de participações em eventos, tanto nacionais quanto internacionais, numa demonstração consistente da abrangência da sua Arte.
 
Dados mais extensos sobre sua biografia são encontrados na Mostra nº 1 de J. Araujo.
 

Neste trabalho, J. Araujo apresenta mais uma pequena mostra do seu talento multifacetado: a literatura de cordel e  litografias relativas a esse tipo de expressão artística.

 

 



J. Araujo, Série Cordel 
 O Roubo da Noiva



Eu nasci la na Bahia
na maternidade de Nazaré
e minha santa querida
a santa que tenho fé

Menino cheguei ao Rio
e logo me espantei
vi casas tao altas e pensei
como aqui viverei?

O povo era estranho
falavam diferente
pensei com meus botões
de onde veio esta gente?

O tempo foi passando
e eu crescendo fui e
pra escola me mandaram
 e eu fui me acostumando.

Minha mãe chorava tanto
com saudades da Bahia
e com pincel no jornal
comecou pintando.

Eu só olhava pra ela
pras cantigas que cantava
cada pincelada da tinta
era coisa que me encantava.

Mãe me dá um pincel molhado
 aqui está meu jornal
me mostre como voce pinta  
que vou lavar o quintal.

O tempo foi passando
menino grande fui virando
e um dia apareci
com uma tela e fui pintando.

Mãe pintor quero ser
vou levar pros amigos ver
será que vão gostar
não quero me envergonhar.

Deixe disso moleque 
 olhe pro pincel e pinte
que  tempo vai passar
 logo um pintor você será

Assim passei minha vida
um pintor querendo ser
foi difícil pra mim
mas só posso agradecer

À minha mãe e às  tintas 
 e tambem para o jornal
onde aprendi a ler
e virei intelectual.

Já grande me encontrei
com um um senhor  muito educado
ele virou pra mim e disse
passe lá na minha loja  que vou te dar um bocado
de tinta, pincel e tela fiquei muito atordoado.

Jorge Beltrão era ele
um cabra muito letrado
entendia tudo de Arte
era muito considerado

Daí a historia foi
me levando pra todo lado
nem sei o que seria hoje
se não  o tivesse encontrado

Me lembro nas minhas rezas
que faço todos os dias
pedindo tudo pra ele
e agradecendo à Virgem Maria

j.araujo
# Se não tivesse erros de português nao seria eu
 



J. Araujo, Série Cordel - A Banda






Fundo Musical:
Eu não dormi esperando você voltar
Aviões do Forró


 

Eu Não Dormi Esperando Você Voltar

Aviões do Forró

Composição: AD

No balanço do fole tocando eu me remexo
Não quero ter rabo preso quero derramar suor
Dançar no machucado, penerado, pisadinho
No arrocho no escurinho com Aviões do Forró
A mulher me xinga me provoca quando chego
Em casa não tenho sossego ela repetindo pra mim:

Meu bem eu não dormi esperando você voltar
e eu não voltei esperando você dormi.(4x)




Plano de Fundo:
Caatinga, Macururé, Bahia


Produção e Formatação:
Mario Capelluto e Ida Aranha


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