Cartaz da apresentação de Hamlet  em Londres, 1676
 
 
Hamlet
(Monólogo)
 
 
To be or not to be
((Hamlet, Ato III, cena 1)

 

To be or not to be, that is the question:
Whether 'tis nobler in the mind to suffer
The slings and arrows of outrageous fortune,
Or to take arms against a sea of troubles,
And by opposing end them? To die: to sleep;
No more; and by a sleep to say we end
The heart-ache and the thousand natural shocks
That flesh is heir to, 'tis a consummation
Devoutly to be wish'd. To die, to sleep;
To sleep: perchance to dream: ay, there's the rub;
For in that sleep of death what dreams may come
When we have shuffled off this mortal coil,
Must give us pause: there's the respect
That makes calamity of so long life;
For who would bear the whips and scorns of time,
The oppressor's wrong, the proud man's contumely,
The pangs of despised love, the law's delay,
The insolence of office and the spurns
That patient merit of the unworthy takes,
When he himself might his quietus make
With a bare bodkin? who would fardels bear,
To grunt and sweat under a weary life,
But that the dread of something after death,
The undiscover'd country from whose bourn(e)
No traveller returns, puzzles the will
And makes us rather bear those ills we have
Than fly to others that we know not of?
Thus conscience does make cowards of us all;
And thus the native hue of resolution
Is sicklied o'er with the pale cast of thought,
And enterprises of great pith and moment
With this regard their currents turn awry,
And lose the name of action.--Soft you now!
The fair Ophelia! Nymph, in thy orisons
Be all my sins remember'd.

 

 

Ser ou não ser
 

"Hamlet"

Ser ou não ser, eis a questão.
Será mais nobre em espírito viver
Sofrendo os golpes e as flechadas da afrontosa sorte
Ou armas tomar contra um mar de penas.
Dar-lhes um fim: morrer, dormir...
Só isso e, por tal sono, dizer que acabaram
Penas do coração e os milhões de choques naturais
Herdados com a carne? Será final
A desejar ardentemente... Morrer, dormir;
Dormir, sonhar talvez... Mas há um contra,
Pois nesse mortal sonho outros podem vir,
Libertos já do mortal abraço da vida...
Deve ser um intervalo... É o respeito
Que de tal longa vida faz calamidade
Pois quem pode suportar do tempo azorrague e caçoadas,
Os erros do tirano, ultrajes do orgulho,
As angústias de amor desprezado, a lei tardia,
A insolência das repartições e o coice destinado
Pelos inúteis aos meritórios pacientes?
Para que se pode aquietar-se, acomodar-se,
Com um simples punhal? Quem suportará,
Suando e resmungando,vida de fadigas
Senão quem teme o horror de qualquer coisa após a morte,
País desconhecido, a descobrir, cujas fronteiras
Não há quem volte a atravessar e nos intriga
E nos faz continuar a suportar os nossos males
Em vez de fugir para outros que desconhecemos?...
Assim a todos nos faz covardes nossa consciência,
Assim o grito natural do ânimo mais resoluto
Se afoga na pálida sombra do pensar
E as empresas de mor peso e alto fim,
Tal vendo mudam o seu rumor errando
E nada conseguindo! Sossega agora...
Ofélia gentil! Ninfa, em tuas orações
Sejam sempre lembrados meus pecados.

 
 

Poster do filme apresentado em Cannes, em 1997, com Kenneth Branagh no papel principal.

 

HAMLET

 Sinopse

Hamlet é uma história intemporal. O príncipe da Dinamarca ainda está de luto pela morte de seu pai, o rei, e a sua mãe, a rainha Gertrude, casa-se com Claudius, irmão do antigo rei.
 
 Durante algumas noites, os guardas do castelo de Elsinore recebem a visita de uma aparição que em muito se assemelha ao antigo rei e decidem chamar Hamlet, que é um estudante culto, para determinar o que aquela aparição representa. O fantasma acaba por contar a Hamlet que foi assassinado pelo irmão com veneno no ouvido. Hamlet fica chocado, embora sempre tivesse desconfiado do mau caráter do tio.
 
O famoso solilóquio, "Ser ou não ser" dá-se no início da peça (ato 3, cena 1). Hamlet pensa em tirar a sua própria vida, de tanta tristeza que sente, mas decide não fazê-lo por ser um ato condenado por Deus. O resto da peça trata da dúvida de Hamlet, se deve ou não vingar o pai e como fazê-lo. Há sempre uma grande indecisão. Será o fantasma um fantasma honesto? Outro tema central é a atitude de Hamlet para com as mulheres: as únicas personagens do sexo feminino, Gertrude e Ofélia são mal tratadas por Hamlet. A rainha por ter casado antes do corpo do pai ter arrefecido e Ofélia por obedecer ao pai, Polonius, grande aliado do rei Claudius.
 
Enquanto pensa na vingança, Hamlet decide fingir-se de louco para decidir como proceder. Começa portanto a agir de uma forma estranha, deixando o rei desconfiado. Assim decide-se mandá-lo embora do reino com a ajuda de Rosencrantz e Guildernstein, dois supostos amigos de Hamlet.
 
Shakespeare habilmente constrói uma atmosfera em que tudo parece ser uma coisa mas é outra, amigos passam a inimigos com uma facilidade desconcertante. Hamlet consegue escapar e voltar a Elsinore sem que ninguém saiba, com a ajuda do seu único aliado, Horácio. Ao aproximar-se de Elsinore vê uma campa a ser escavada e lembra-se do Bobo da corte da sua infância, Yorick, cuja caveira é encontrada. Esta é talvez a cena mais famosa da peça, a imagem de Hamlet com a caveira de Yorick na mão foi inúmeras vezes reproduzida. É então que ele descobre que a campa é para a sua amada, Ofélia, que enlouqueceu e morreu afogada no rio, imagem romântica, também imortalizada através de reproduções ao longo dos tempos.
 
No último ato, a inação dá lugar à ação e Hamlet começa o seu plano de vingança. Nesta peça, de uma forma ou de outra todos morrem envenenados, no sentido figurativo ou real, acabam todos por matar-se uns aos outros, purgando a Dinamarca da podridão em que se encontrava.
 
Hamlet é o personagem que mais fala na obra de Shakespeare; recita 1.507 linhas. Suas últimas palavras são: "The rest is silence" (O resto é silêncio), Ato 5, cena 2.
 
 

Laurence Olivier interpretando Hamlet

No imaginário popular, o célebre monólogo de Hamlet "Ser ou não ser", pronunciado no o Ato 3, cena I, é frequentemente confundido com o momento em que Hamlet descobre o crânio  de Yorick. Ato 5, cena 1. Tal confusão deu origem a várias interpretações, nas quais o príncipe Hamlet segura um crânio na mão enquanto recita o monólogo. De fato, na peça, as duas cenas estão distantes.

 

 

WILLIAM SHAKESPEARE

 


Biografia
 
(Resumo)  

Dramaturgo e poeta inglês (23/4/1564-23/4/1616). Destaca-se entre os mais importantes da história do teatro. Nasce em Stratford-upon-Avon, onde faz os primeiros estudos. Aos 18 anos, casa-se com Anne Hathaway, com quem tem três filhos. Pouco se sabe a respeito de sua vida até 1591, ano em que se muda para Londres. Entre 1590 e 1594 redige a primeira peça, " A Comédia dos Erros". 

De acordo com os historiadores, conquista sucesso e fortuna com o teatro. Em 1594 é membro da companhia teatral de Lord Chamberlain, que representa na melhor sala de espetáculos de Londres. Marca com sua obra o teatro elisabetano, e suas peças, tragédias, comédias e dramas históricos, influenciam toda a produção posterior a ele. Entre suas tragédias mais importantes destacam-se "Romeu e Julieta", "Macbeth", "Hamlet", " O Rei Lear" e "Otelo". Algumas das comédias mais encenadas são "O Mercador de Veneza", "A Megera Domada" e "Sonho de uma Noite de Verão".

 
 
 
 
Fontes:
The Penguin Dictionary of Quotations, Penguin Books, Great Britain, 1974
William Shakespeare, The Complete Works, Collins, London and Glascow, Great Britain, 1959
Declamação do solilóquio: Kennet Branagh
Tradução do solilóquio - José Blanc de Portugal, Editorial Presença, 3ª. ed., 1997) Editada
 
 
 
 
 
Pesquisa e Formatação:
Ida Aranha