SANSÃO E DALILA
Sansão e Dalila é uma ópera em três atos de Camille
Saint-Saëns, com libreto de Ferdinand Lemaire, baseado nos capítulos
13-16 do Livro dos Juízes
da Bíblia. Estreou a 2 de dezembro de 1877 no
Hoftheater de Weimar, na Alemanha.
Personagens:
Sansão, guerreiro chefe dos
hebreus................tenor
Dalila, sacerdotisa dos
filisteus......mezzo-soprano
Abimelec, sátrapa de
Gaza................................baixo
Sumo Sacerdote de
Dagão............................barítono
Primeiro
Filisteu.................................................tenor
Segundo
Filisteu...........................................barítono
Mensageiro
filisteu............................................tenor
Velho
hebreu......................................................baixo
A história se passa na Palestina em tempos bíblicos.
Se Camille Saint-Saëns não tivesse composto
mais nada, Sansão e Dalila por si só já bastaria para
torná-lo imortal. É muito difícil não ser seduzido, não só pela
exuberante poesia do libreto de Lemaire, como pela extasiante beleza
da música de Saint-Saëns. É a história de um homem que foi forte o
suficiente para derrotar os inimigos de Israel, os filisteus, mas
não o suficiente para resistir à malícia de uma mulher.
Ato I
Uma praça pública em Gaza, junto à entrada do
templo de Dagão.
Uma multidão de hebreus, homens e mulheres, choram
sua derrota diante dos filisteus, e invocam a piedade do
Deus de Israel. Entre eles está Sansão, que assume a liderança
e os exorta a não perderem a fé nem a esperança. A princípio, a
multidão parece desanimada e descrente, mas pouco a pouco Sansão
consegue reacender neles a chama do fervor e da coragem. Chega
Abimelec, que insulta com grande insolência o povo hebreu e seu
Deus:
"Não vedes que vosso Deus permanece surdo aos
vossos gritos? Ele que mostre seu poder, e venha quebrar vossas
correias e vos dar a liberdade! Vosso Deus treme diante de Dagão, o
maior dos deuses!"
Os hebreus cantam um hino de desafio:
Israël romps ta chaîne! O peuple, lève-toi!
Abimelec se precipita sobre Sansão com a espada na mão para feri-lo;
Sansão, num golpe de arte marcial o lança ao chão e,
pegando da espada, dá morte a Abimelec ali mesmo. Reina grande
confusão, e os hebreus fogem seguindo Sansão. O Sumo Sacerdote de
Dagão sai do templo, acompanhado de guardas e soldados, e se depara
com o cadáver de Abimelec. O sacerdote os incita a vingarem aquela
morte e a exterminarem da face da terra os filhos de Israel, mas os
filisteus são tomados de terror. Soldados filisteus carregam o corpo
de Abimelec.
Um mensageiro palestino traz a notícia de que os
israelitas, liderados por Sansão, causam devastação, terror e morte
entre os filisteus. Alguns velhos hebreus reunidos na praça cantam
um hino de louvor ao Deus de Israel. Sansão reaparece, acompanhado
de alguns hebreus.
As portas do templo de Dagão se abrem e surge
Dalila acompanhada de lindas jovens palestinas que levam nas mãos
buquês de flores e, com suaves cânticos, saúdam a chegada da
primavera. Dalila começa a empregar suas armas de sedução,
dirigindo-se a Sansão: Je viens célébrer
la victoire, eu venho celebrar a vitória
daquele que reina em meu coração.
O ato termina com Dalila cantando uma ária com tal
poder de sedução que é muito difícil pôr a culpa em Sansão - quem
não se deixaria seduzir? - Printemps qui
commence. A ária é plena de um lânguido sensualismo
oriental.
Ato II
Vê-se à esquerda a habitação de Dalila, com um
ligeiro pórtico recoberto de verdejantes folhagens e plantas
orientais. Sentada sobre uma rocha, deslumbrantemente vestida,
Dalila parece pensativa. A orquestra toca uma música sensual,
sugerindo odaliscas dançando nuas. Dalila se preocupa: será que
Sansão virá? Será que eu vou poder seduzi-lo? Amour,
viens aider ma faiblesse.
O Sumo Sacerdote chega para conversar com Dalila.
Eles cantam um longo dueto, exprimindo suas preocupações e
ansiedades. Ambos estão interessados na destruição de Sansão. O
sacerdote oferece a Dalila dinheiro para que ela descubra o segredo
da força de Sansão. Ela diz a ele que não se preocupe: seu desejo de
vingança já é mais que suficiente. O dueto termina num reverberante
pacto de vingança: Unissons-nous tous deux! Mort au chef
des hébreux! O sacerdote agora se afasta, para não ser
surpreendido por Sansão que já vem chegando.
Dalila o cobre de carícias numa ária de
resplandecente beleza, Mon coeur s'ouvre à ta
voix. Na conversa com Sansão, porém, ela bate sempre na
mesma tecla:
"Tu não me amas de verdade, Sansão, porque se tu me
amasses, tu me revelarias o segredo da tua força."
Quando Sansão nasceu, seus pais fizeram uma
promessa ao Deus de Israel: Sansão seria consagrado a Deus, seu
cabelo jamais seria cortado. Sansão não pode revelar este segredo a
ninguém. O que começou num terno diálogo de amor termina num
discussão violenta: Dalila pede a Sansão que saia de sua presença e
não volte mais. Sansão hesita. Voltando-se para Dalila, ele acaba
lhe revelando o segredo fatal. Os dois entram na casa. A tempestade,
o trovão e o relâmpago açoitam com fúria aquela casa. Assim que
Sansão adormece, Dalila abre a janela e acena para uns soldados
filisteus que se escondiam na moita. Sansão grita:
Trahison!
Ato
III
Cena
1
Uma prisão em Gaza
Cortaram os cabelos de Sansão, o cegaram e
acorrentaram. Nós o vemos atado a uma manivela que move a pedra de
um moinho. Ouve-se uma música triste, fúnebre, pesada e angustiada.
Vois ma misère, hélas! Vois ma
détresse! geme Sansão. Lá fora, ouve-se o coro dos
hebreus escravizados, que o recriminam sem parar. Na verdade, é a
própria consciência de Sansão que o atormenta.
Cena
2
Interior do templo de Dagão
No interior do templo, vê-se uma estátua do deus,
semelhante a um peixe, e a mesa dos sacrifícios. No meio do
santuário, duas colunas de mármore parecem sustentar todo o
edifício. Vemos o Sumo Sacerdote de Dagão circundado de príncipes
filisteus e Dalila junto com jovens palestinas coroadas de flores e
com taças na mão. O templo está cheio de gente. Cantam um hino em
homenagem a Dagão e depois vem o Bacanal, uma peça orquestral muito
excitante, um balé em homenagem ao deus dos filisteus.
Sansão entra, conduzido por um garoto. A humilhação
de Sansão é o ponto alto do espetáculo; Dalila e o Sumo Sacerdote
zombam dele. O sacerdote ordena ao garoto que conduza Sansão para o
centro do templo, para que todo o povo possa vê-lo. Apoiando-se nas
colunas do templo, Sansão faz uma prece ao Deus de Israel:
"Permite-me, Senhor, vingar meus olhos aos
filisteus!"
Jeová ouve-lhe a prece, e restitui-lhe a força no
último momento da sua vida. O templo desaba, matando Sansão, Dalila,
e mais filisteus do que Sansão matou em toda a sua vida.
Fonte:
pt.wikipedia.org/wiki/Samson_et_Dalila
Camille Saint-Saëns (Paris, 9 de outubro de
1835 - Argel, 16 de dezembro de 1921) foi um compositor, pianista e
organista francês.
Seu pai morreu quando ele tinha apenas quatro meses
de idade, e Camille foi criado pela mãe e por uma tia.
Como havia um piano na casa, aos dois
anos e meio de idade o garoto já gostava de brincar com as teclas, e
em pouquíssimo tempo já tocava pequenas melodias sem ter sido
ensinado por ninguém. Sua mãe e sua tia lhe deram as primeiras
lições de teoria musical.
Aos 7 anos de idade já escrevia pequenas peças.
Recebeu lições de piano de Camille Stamaty e Alexandre Boëly, e
harmonia de Pierre Maleden, e aos 10 anos já conseguia tocar algumas
das peças mais difíceis de Mozart e Beethoven.
Apresentou-se em público pela primeira vez na
Sala Pleyel de Paris a 6 de maio de
1846, sem ter completado ainda 11 anos de idade. Aos 13, entrou
para o Conservatório de Paris, onde estudou órgão com Benoist,
contraponto e fuga com Jacques Fromental
Halévy.
Para auxiliar a família, tocava órgão na Igreja de
St. Merry, e em 1857 obteve o cargo de organista na Igreja
da Madeleine, cargo esse que ocuparia por 20 anos. Aos 25 anos já
era famoso na Europa inteira como pianista e
compositor, tendo escrito três sinfonias, um concerto para violino,
um quinteto e peças de música sacra.
Saint-Saëns conhecia música profundamente,
familiarizado com as obras dos grandes compositores europeus antigos
e modernos. Possuia uma vasta e sólida cultura em filosofia, ciência
e literatura.
Em astronomia chegou a alcançar verdadeira autoridade.
Escreveu um livro de filosofia, Problèmes et
Mystères, versos, uma comédia, e escreveu ele
mesmo os libretos de várias de suas óperas.
Saint-Saëns gostava muito de viajar. Movido por
impulsos súbitos, fazia excursões repentinas às partes mais
distantes do planeta, dava-lhe prazer conhecer lugares exóticos.
Visitou
a Espanha, as Canárias, o Ceilão,
a Indochina, o Egito, esteve várias vezes
na América. Deu concertos no Rio de Janeiro e em São
Paulo em 1899, com a colaboração de Luigi
Chiafarelli, uma figura de destaque no ambiente
musical brasileiro da época. Visitou também San
Francisco, na Califórnia.
A morte veio colhê-lo numa cama de hotel em Argel,
na Argélia, no dia 16 de dezembro de 1921. Acredito que
agora chegou mesmo o meu fim, murmurou, e fechou os
olhos para sempre. Já fazia tempo que este homem feliz desejava a
morte secretamente.
A obra de Camille Saint-Saëns é imensa: sinfonias,
concertos para piano e violino, peças para órgão, música vocal e
instrumental, sacra e profana. Entre as peças mais conhecidas deste
compositor, podemos citar: o Concerto para violino no. 3 em si menor
(op. 61), a Danse Macabre,
Introdução e Rondò Capriccioso para
violino e orquestra (uma peça extremamente brilhante para o
violino), o Carnaval dos Animais.
Saint-Saëns compôs várias óperas, mas somente uma
delas é tida pela posteridade como uma obra prima imortal:
Sanson et Dalila (Sansão e
Dalila).
Fonte:
pt.wikipedia.org/wiki/Camille_Saint-Saëns -
Saint-Saëns durante um
ensaio |
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