Nabucco é uma ópera em quatro atos de Giuseppe Fortunino Francesco Verdi (Roncole,  10 de Outubro de 1813 – Milão, 27 de Janeiro de 1901), com libreto de Temistocle Solera, escrita em 1842.  A ação da ópera conta a história do rei Nabucodonosor da Babilônia.

Foi escrita durante a época da ocupação austríaca no norte da Itália e, por meio de várias analogias, suscitou o sentimento nacionalista italiano.  O Coro dos Escravos Hebreus, no terceiro ato da ópera (Va, pensiero, sull'ali dorate, "Vai, pensamento, sobre as asas douradas) tornou-se uma música-símbolo do nacionalismo italiano da época. 

 

Teatro Alla Scala, Milão

Sua primeira apresentação foi no Teatro Alla Scala, de Milão, em 1842. 

 

 

PERSONAGENS

 

Barítono - Nabucco ( rei da Babilônia)
 
 
Tenor - Ismael (o sobrinho de Zedekia, rei de Jerusalém)
 
 
Baixo - Zacharia (o sumo sacerdote dos hebreus)
 
 
Soprano - Abigail (suposta filha de Nabuco)
 
 
Mezzo-soprano - Fenena (verdadeira filha de Nabuco)
 
 
Tenor - Abdallo (um velho oficial do Rei)
 
 
Soprano - Anna (irmã de Zacharia)
 
 
 
 
 
 
ENREDO

 

 
Ato I
 
 "Jerusalém"
 
 
No Templo de Salomão, em Jerusalém, os israelitas lamentam-se de seu destino: Nabucco, rei da Assíria, os derrotou e está profanando a cidade. Enquanto eles oferecem orações, Zacharia, seu sumo sacerdote, entra com sua irmã, Anna, e a filha de Nabucco, Fenena, a quem os judeus mantêm como refém. Ele diz a seu povo que a paz está a seu alcance e reafirma que o Senhor não os esquecerá. Ismael, sobrinho do rei de Jerusalém e líder dos militares, entra com os soldados e avisa que Nabucco está chegando.
 
Quando os outros partem, Ismael e Fenena cantam seu amor um pelo outro. Eles se encontraram quando Ismael era embaixador na Babilônia. Fenena também ajudou a preparar a soltura de Ismael da prisão, e ele espera fazer o mesmo por ela. Enquanto eles conversam, Abigail, a irmã ciumenta de Fenena, que também ama Ismael, entra de repente. Ela está usando trajes de guerreiro, liderando um grupo de assírios (disfarçados como soldados hebreus) para ocupar o templo. Ela cumprimenta Ismael com escárnio, e diz a ele, em particular, que ele pode evitar uma tragédia e ganhar um novo reino se ele corresponder a seu amor. Ao recusar, ele oferece sua vida para salvar seu povo, enquanto Fenena reza ao Deus de Israel que proteja Ismael.

A multidão hebréia reaparece apavorada, porque Nabucco está se aproximando. Quando o conquistador entra no templo, Zacharia o enfrenta, denunciando sua arrogância blasfema e ameaça esfaquear Fenena. Mas Ismael impede o ataque de Zacharia e entrega Fenena a seu pai. Zacharia e os outros judeus estão furiosos com Ismael, e Nabucco ordena que o templo seja saqueado e queimado.

 

 

Ato II

"O Blasfemo"

 Palácio de Nabucco, na Babilônia

 Abigail encontra um pergaminho que poderia causar sua ruína: é um certificado de que ela não é filha de Nabucco e sim filha de escravos. Abigail jura vingança a Nabucco e a sua herdeira nomeada, Fenena, mas melancolicamente, reflete que o amor que ela sente por Ismael poderia ter mudado sua vida.

O Sumo Sacerdote de Baal vem comunicar que Fenena libertou os prisioneiros judeus. Como resultado, as autoridades religiosas decidiram oferecer a Abigail o trono, dizendo às pessoas que seu rei morreu em batalha. Ela se regozija de que a filha dos escravos terá agora todos a seus pés.

Em outro lugar no palácio, Zacharia tenta persuadir os assírios a colocarem de lado seus falsos ídolos. Ele começará por converter Fenena, em cujo apartamento ele entra. Dois Levites, enviados por Zacharia, aparecem e ficam surpresos por encontrar o proscrito Ismael. Quando eles o repreendem, Zacharia, acompanhado por Fenena e Anna, perdoa Ismael por ele ter salvo um hebreu - a recém convertida Fenena.

O idoso conselheiro do palácio, Abdallo, chega apressado e diz a Fenena sobre os relatos da morte do rei e para avisá-la de que sua vida está em perigo. Antes que ela possa escapar, o Sumo Sacerdote de Baal, seguido por Abigail e o populacho assírio, proclama Abigail como governante e pronuncia a sentença de morte para os hebreus. Quando Abigail pede o cetro real, Fenena recusa-se a entregá-lo.

Neste momento, e para surpresa de todos, Nabucco entra, toma a coroa e coloca-a em sua própria cabeça. Todos tremem de medo perante o líder furioso, que anuncia que ele, além de ser rei, é Deus, tendo vencido Baal e Jeová. Quando ele tenta forçar Zacharia e Fenena a prostrarem-se, um raio o atinge e retira a coroa de sua cabeça, além de ficar insano. Abigail recupera a coroa.

 


Ato III

 "A Profecia"

Jardins Suspensos da Babilônia

O Sumo Sacerdote de Baal e o populacho saúdam Abigail como governante. O Sumo Sacerdote pressiona para que ela condene os israelitas à morte, mas antes que ela possa assinar a autorização,  Nabucco entra, esperando sentar-se mais uma vez em seu trono. Abigail manda os outros embora e explica a Nabucco que ela está servindo como regente, uma vez que ele não está bem de saúde para governar; ela dá a ele a autorização esperando induzi-lo a ordenar a morte de sua própria filha. Quando ela o insulta falando que ele não tem coragem, ele assina. Então, Nabucco pergunta: e quanto a Fenena? Ela também morrerá, responde Abigail.
 
Quando Nabucco tenta encontrar em suas roupas o documento provando que Abigail é uma impostora, ela o mostra e rasga-o. Nabucco chama os guardas, mas descobre que eles não são mais seus criados: seu serviço é mantê-lo trancado. Reduzido a pedir a Abigail que salve a vida de Fenena, ele encontra inflexibilidade de pedra.

Às margens do Eufrates, os hebreus estão descansando do trabalho forçado. Seus pensamentos sobem em "asas douradas" para sua terra natal perdida. Zacharia prediz que eles sairão do cativeiro e destruirão a Babilônia com a ajuda de Deus.

 

Ato IV

 "O ídolo destruído"

Apartamento real de Nabucco

 Nabucco acorda de um sono intermitente, ouvindo vozes lá fora que chamam o nome de Fenena. Ele vai até a janela e a vê sendo levada para a execução. Tentando abrir a porta, ele se lembra de que é prisioneiro. Desesperado, ele se ajoelha e pede ao Deus dos hebreus por perdão, prometendo converter-se e a seu povo. Sua razão retorna e, quando Abdallo e os soldados vêm ver porque ele está tentando forçar a porta, ele os convence que está bem novamente. Gritando por sua espada, ele arregimenta seus seguidores para recuperar o trono.

Nos Jardins Suspensos, os executores estão prontos para acabar com Zacharia e seus seguidores. O velho homem saúda Fenena como uma mártir e ela pede a Deus que a receba no céu, mas Nabucco chega e ordena que a estátua de Baal seja destruída. Como que por forças sobrenaturais, ela cai sozinha. Abigail toma veneno e confessa seus crimes, pedindo que Ismael e Fenena fiquem juntos; morrendo, ela pede ao Deus de Israel que a perdoe. Nabucco diz aos israelitas para voltarem para sua terra e reconstruir o templo, declarando que ele próprio, agora, serve a Jeová.

O povo reconhece o milagre e louva a Deus.

 

Fonte: archive.operainfo.org/broadcast/operaStory

 

O Coro dos Escravos Hebreus, no terceiro ato da ópera tornou-se uma música-símbolo do nacionalismo italiano da época.

 

Va', pensiero, sull'ali dorate

 

Va', pensiero, sull'ali dorate.
Va', ti posa sui clivi, sui coll,
ove olezzano tepide e molli
l'aure dolci del suolo natal!
Del Giordano le rive saluta,
di Sionne le torri atterrate.
O mia Patria, sì bella e perduta!
O membranza sì cara e fatal!
Arpa d'or dei fatidici vati,
perché muta dal salice pendi?
Le memorie del petto riaccendi,
ci favella del tempo che fu!
O simile di Solima ai fati,
traggi un suono di crudo lamento;
o t'ispiri il Signore un concento
che ne infonda al patire virtù
che ne infonda al patire virtù
al patire virtù!

 

 

Letra em português

Vá, pensamento, sobre as asas douradas
Vá, e pousa sobre as encostas e as colinas
Onde os ares são tépidos e macios
Com a doce fragrância do solo natal!
Saúda as margens do Jordão
E as torres abatidas do Sião.
Oh, minha pátria tão bela e perdida!
Oh, lembrança tão cara e fatal!
Harpa dourada de desígnios fatídicos,
Porque você chora a ausência da terra querida?
Reacende a memória no nosso peito,
Fale-nos do tempo que passou!
Lembra-nos o destino de Jerusalém.
Traga-nos um ar de lamentação triste,
Ou o que o Senhor te inspire harmonias
Que nos infundam a força para suportar o sofrimento.

 

 

GIUSEPPE VERDI

 

 

O mais famoso compositor italiano, Giuseppe Verdi, nasceu no dia 10 de outubro de 1813, em Róncole, um pequeno bairro de Busseto, perto da cidade de Parma.

Por causa de sua pendência musical começou a se exercitar com uma modesta espineta, na pequena osteria (taverna) dos pais, tendo como primeiro maestro o organista da cidade, Pietro Baistrocchi. Com dez anos encontra em Antonio Barezzi, o mecenas que, intuídas suas inclinações musicais, o apresenta ao grande conhecedor de música, Ferdinando Provesi, enquanto o cônego Antonio Saletti lhe ensina o latim.

De 1832 a 1835 está em Milão para completar estudos musicais às custas do Monte di Pietà de Busseto e de Barezzi que, um ano depois, lhe concede a mão de sua filha, Margherita. Não conseguindo matricular-se ao Conservatório, faz aulas particulares com o maestro Vincenzo Lavigna. Em 1836 é nomeado Maestro da Escola de Música da sua cidade, mas, em 1838, muda-se com a família para Milão onde, no ano seguinte, representa com sucesso no Teatro alla Scala sua primeira ópera “Oberto, conte di San Bonifácio”.

Em 1840, de repente, perdeu os dois filhos e sua esposa. Depois desta série de desgraças e após o fracasso de sua segunda ópera, “Un giorno di regno”, Verdi cogita abandonar para sempre a carreira de compositor. Foi convencido a continuar pelo empresário do Scala, Bartolomeo Merelli, que lhe cobrou a ópera Nabucco (1842), obra que obteve um extraordinário triunfo, abrindo-lhe as portas dos maiores teatros da Itália e da Europa. A protagonista feminina foi a soprano Giuseppina Strepponi, que se tornou, em seguida, sua segunda esposa.

Em onze anos Verdi trabalha freneticamente, criando uma quinzena de melodramas: "I Lombardi alla prima Crociata" (Milão 1843), "Ernani" (Venezia 1844), "I due foscari" (Roma 1844), "Giovanna d’Arco" (Milão 1845), "Alzira" (Napoli 1845), "Attila" (Venezia 1846), "Macbeth" (Firenze 1847), "I masnadieri" (Londra 1847), "Jerusalem" (versão em francês de "I Lombardi", "Parigi" 1847), "Il corsaro" (Trieste 1848), "La battaglia di Legnano" (Roma 1849), "Luisa Miller" (Napoli 1849), "Stiffelio" (Trieste 1850), "Rigoletto" (Venezia 1851), "Il trovatore" (Roma 1853), "La traviata" (Venezia 1853) seguidos por "Les Vêpres siciliennes" (Parigi 1855), "Simon Boccanegra" (Venezia 1857), "Aroldo" (Rimini 1857) e "Un ballo in maschera" (Roma 1859).

O sucesso foi clamoroso, sobretudo o das obras que tratavam do assunto da liberdade dos povos, problema que tocava mais ou menos todos os povos da península que estavam sob o domíno de outros países, como a Lombardia e o Veneto. Nestas regiões, os patriotas que lutavam pela unificação da Itália escreviam sobre os muros “Viva Verdi”, onde, porém, a palavra Verdi era o acróstico de Vittorio Emanuele Re d’Italia. São, estes, os anos dos levantes patrióticos das guerras de Independência Nacional. 

No ano da unificação, 1861, Verdi é eleito deputado no primeiro Parlamento Italiano. Em 1874 tornou-se Senador do Reino da Itália. A partir da primavera de 1851 o Maestro, além de se dedicar à música, começou a cuidar, na mansão de Sant’Agata, de suas terras adquiridas com os proventos da música. No final do século XIX, sua renda era a maior de toda a província de Parma. 

 Em 1862 acontece a primeira representação de "La forza del destino" no Teatro Imperial de São Pietroburgo; em 1867 o "Don Carlo" na Opera de Paris; em 1871 a "Aida" no Cairo; em 1873 o quarteto para arcos; em 1874 a "Messa da Requiem", dedicada à memória do famoso romancista Alessandro Manzoni. Na maturidade avançada, após as revisões de "Boccanegra" (Milão 1881) e de "Don Carlo" (Milão 1884), Verdi cria duas obras-de-arte, dois novos triunfos: "Otello" (Milão 1887) e "Falstaff" (Milão 1893) e, concluindo uma atividade intensíssima e gloriosa, as quatro peças sagradas ("Ave Maria", "Stabat Mater", "Laudi alla Vergine", "Te Deum"), as três últimas representadas em Paris em 1898.

Após a morte da fiel companheira, Giuseppina Strepponi, Verdi passa a viver mais em Milão onde, no dia 27 de janeiro de 1901, acaba sua vida terrena. A seu pedido, seu túmulo foi colocado, em Milão, na “Casa di Riposo Giuseppe Verdi” para músicos, instituição que ele fundou nessa cidade, para cantores e músicos necessitados e que ainda hoje se sustenta com os proventos dos direitos autorais do compositor. A Casa de Repouso e o Hospital de Villanova, igualmente construído e equipado por ele, representam a manifestação tangível da sua generosidade e solidariedade.

 

Fonte: www.italiamiga.com.br/.../imagens/VERDI2

 

 
 
 
 
Pesquisa e Formatação:
Ida Aranha
 
 
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