PINTORES DESCONHECIDOS I
 
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CONCEITUAÇÃO:
 
 
        Muitas obras de arte provindas da Idade Média e dos séculos XIV a XVII são anônimas. Quanto às obras medievais, na maioria dos casos é impossível descobrir-lhes a autoria, que cresce de importãncia a partir do século XIV, quando, inicialmente na Itália, surgem artistas de individualidade bem definida. Desde então, existe o desejo de atribuir a nomes conhecidos da respectiva época os quadros -e esculturas- sem assinatura.
 
        Essa atividade de atribuição foi fomentada no século XVIII pelas teorias pré-românticas do gênio e do talento, que não admitem o anonimato; no século XIX, pelo historicismo dos historiadores das artes plásticas, que não se dão por satisfeitos antes de terem enquadrado a obra em uma das diferentes tendências da época, representadas por artistas conhecidos; e no século XX, pelos marchands - negociantes-, porque o quadro atribuído a um nome conhecido se vende melhor do que um quadro anônimo.
 
        Em casos em que é impossível certificar o nome do autor de vários quadros anônimos suficientemente parecidos, os historiadores criaram um nome artificial: o mestre de Flèmalle,  o discípulo de Domenico Veneziano, o mestre de Moulins, etc. São, porém, autores hipotéticos de determinados grupos de quadros e não podem ser considerados fixos; às vezes, faz-se preciso desmembrar um desses grupos atribuindo parte dos quadros a outro mestre, com outro nome artificial.
 
 
 
HISTÓRICO
 
        Atribuições de quadros não assinados a pintores conhecidos já se encontram em Vasari, no século XVI, e nas obras dos connoisseurs -conhecedores- dos séculos XVII e XVIII e da primeira metade do século XIX. Essas atribuições baseiam-se na tradição oral ou, impressionisticamente, numa espécie de instinto dos especialistas. A partir da segunda metade do século XIX, as atribuições começam a ser mais bem fundamentadas. Surgem critérios objetivos.
 
 
CRITÉRIOS OBJETIVOS
 
        Em certos casos, as atribuições baseiam-se em documentos encontrados em arquivos: contratos, inventários, etc. Dessse modo, Rodrigo Melo Franco de Andrade conseguiu provar a autoria dos Passos, em Congonhas do Campo, atribuídos ao Aleijadinho. Revelaram-se menos dignas de confiança as atribuições de velhos catálogos de coleções hoje dispersas; baseiam-se, muitas vezes, em hipóteses insustentáveis.
 
        O historiador italiano Giovanni Morelli -1816-1891-, percebeu que pintores renascentistas italianos costumavam pintar esquematicamente, e sempre de maneira igual, as orelhas, as mãos e as unhas dos retratados, o que permite em muitos casos, atribuição segura dos quadros não assinados. Esse método está hoje parcialmente desacreditado, porque não permite distinguir as obras de mestres das de seus alunos.
 
        Max J. Friedlander, historiador de arte alemão, -1867-1958-, especialista em pintura flamenga antiga, demonstrou que os critérios de Morelli não são seguros quanto à pintura flamenga e alemã dos séculos XV e XVI; em compensação, confia na maneira esquemática por que os respectivos pintores tratam as dobras dos vestidos de seus personagens. Discípulo de Morelli é o famoso crítico Gernhard Berenson (1865-1959) que, nos quatro volumes do seu Italian painters of the Renaissance (1894-1907; Pintores italianos da Renascença), usa de três grupos de critérios objetivos: 1 - orelhas, mãos, dobras de vestidos, paisagens no fundo dos retratos; 2 - cabelos, olhos, nariz, boca; 3 - crânio, queixo, arquitetura no fundo, cor, claro-obscuro.
 
 
PROBLEMAS
 
        Até hoje não foi possível verificar se o famoso Concerto, na Galleria Pitti, de Florença, é ou não é da autoria de Giorgione. Os critérios objetivos de Morelli, Berenson e Friedländer são, na verdade, bastante subjetivos. A incerteza reflete-se nas expertises -perícias- de historiadores e críticos sobre a autoria de obras duvidosas, favorecendo os casos cada vez mais frequentes de falsificações parciais.
 
     
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Senhor de Flandres-A Pregação de São Geri, 1475-80
 
Senhor de Flandres - Adoração dos Magos, 1513-1520
 
Senhor de Flandres - A Tortura de São Victor - 1490
 
Senhor de Flandres - O Festival de Arqueiros, 1493
 
Senhor de Flandres, Cenas do Calvário, 1500
 
 
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Fundo Musical:
Te Deum Laudemus
 
Produção e Formatação:
Mario Capelluto e Ida Aranha
 
 
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