Autorretrato
VINCENT VAN GOGH
VIDA
Pintor
holandês, Vicent Willem Van Gogh nasceu em Groot-Zundert (Brabante
holandês) a 30 de março de 1853 e morreu em Auvers-sur-Oise a 27 de julho
de 1890. Filho de pastor calvinista, entrou no comércio de quadros em
Bruxelas e Londres, viveu em Paris, onde frequentou os museus e se dedicou
a vastas leituras. Tendo passado por uma crise religiosa, resolveu
tornar-se missionário em Wasmes (Borinage) para evangelizar os
trabalhadores nas minas de carvão. Passou o ano de 1879 como vagabundo nas
estradas, e só em 1880 começou a pintar, como autodidata.
Depois
de uma temporada na casa de seu pai, em Nuenen, frequentou (1885-1886) a
academia de belas-artes em Antuérpia, onde descobriu Rubens. Com a ajuda
de seu irmão mais novo, Théo (seu único apoio durante a vida toda), foi
viver em Paris, fortemente influenciado pelos impressionistas. Seus
quadros, até então nordicamente escuros, tornam-se claros, iluminados, mas
também irradiando uma atmosfera de mistério.
Impulsionado por um desejo incontido de ver o sul,
vai para a Provença, fixando-se em Arles (1888), onde vive em miséria
total, pintando febrilmente. Durante algum tempo vive em companhia de
Gaughin, mas os dois artistas brigavam com veemência; depois de uma
disputa dessas, Van Gogh cortou a própria orelha, remetendo-a em envelope
ao amigo. A esse ato de autopunição louca seguiram-se alucinações.
Encontrou asilo em casa do médico dr. Gachet em Auvers-sur-Oise, onde se
suicidou. A maior parte das obras do pintor encontra-se na coleção da
família Van Gogh, permanentemente exposta no Stedelijk Museum, em
Amsterdam, e no Museum Kröler-Müller, em Otterloo, perto de Arnhem, Países
Baixos; os quadros de Van Gogh do Stedelijk Museum de Amsterdam estão,
desde 1973, reunidos num edifício próprio.
FASE
HOLANDESA E BELGA
É
indispensável, para a compreensão da obra de Van Gogh, salientar que o
pintor, embora vivesse a maior parte de sua vida na França, foi holandês
de nascimento e holandês por natureza. O característico de sua evolução é
justamente o abandono gradual das escuras tintas nórdicas e a conquista da
luminosidade mediterrânea, ao mesmo tempo em que seu espírito, longe do
equilíbrio latino, se escureceu. Os primeiros quadros do pintor, a "Casa
do pastor em Nuenen" e a "Alameda em Nuenen" (Boymans Museum, Rottrdam),
são todos escuros. Noturnamente escuros são os "Aardappeleeters" (1885;
"Os Comedores de Batatas"; Stedelijk), quadro que apresenta os camponeses
como terrivelmente degenerados. Essa obra é da fase religiosa de Van Gogh.
Os quadros pintados em Antuérpia - ruas, praças, o porto - já são um pouco
mais claros; já antecipam a atmosfera misteriosa que Van Gogh saberá
descobrir em todos os ambientes e objetos da vida real.
PARIS
Parece
pertencer à fase religiosa de Van Gogh o estraordinário quadro "Os
Sapatos" (1887; Stedelijk), em que um par de sapatos velhos simboliza toda
a desgraça desta vida. Começou em Paris a série de autorretratos, cuja
crescente amargura lembra os de Rembrandt, e os retratos de pessoas
desimportantes (um poetastro belga, um carteiro, etc.), que pelo pincel do
pintor ganham uma vivacidade fantástica. "La Guinghette" (1887; Louvre)
transforma o jardim de um restaurante popular em lugar quase místico. Mas
em "Restaurant de la Sirène" (1887; Louvre), o mais impressionista dos
quadros de Van Gogh, já brilham as cores sob um sol fulminante.
ARLES
O
pintor conquistou, enfim, o sul. Pinta incansavelmente quadros que
representam girassóis e que se encontram em todos os grandes museus da
Europa e dos Estados Unidos, também amarelos campos de trigo. Amplia-se o
horizonte; uma "Ponte em Arles" (1888; Stedelijk), os "Barcos"
(Wall-Richartz Museum, Colônia) são grandes paisagens. O pintor encontra
um novo estilo, quase primitivista, para pintar intérieurs com
personagens pequeninos: "Café, le soir" (1888; Kröler); "Café de nuit"
(1888; Coleção Stephen Clark, New York); a "Casa de Vincent em Arles"
(1888; Stedelijk) a "Mairie em Arles", um "Baile em Arles", um
"Restaurante popular em Arles", o "Quarto de dormir de Vincent" (1889;
Stedelijk), o "Hospital em Arles" (1889; Museum Reinhart, Winterthur) são
verdadeiros milagres de 'pintura por alusão', conferindo a mais profunda
significação a ambientes triviais. O fim dessa fase é o terrível
autorretrato "Homme à l'oreille coupé" (1889; "Homem com a orelha
cortada"; Coleção Block, Chicago).
FASE
FINAL
Tornam-se raros os personagens humanos. Mas aparecem,
caracteristicamente, os "Presidiários no pátio da prisão" (Museu Puchkin,
Moscou). Enfim, a natureza abre a Van Gogh todos os seus mistérios. Em vez
de luminosos girassóis o artista pinta ciprestes fantásticos:
famoso é "Route aux cyprès" (1890; Kröller). Pinta, sobretudo, campos
de trigo, como "Les Blés jaunes" (1889; "Os trigos amarelos", Tate
Gallery, Londres). Esse também é o tema do último quadro de Van Gogh:
"Champs de blé aux corbeaux" (1890; "Campos de trigo com
corvos", Stedelijk), no qual em cima do campo voam corvos pretos,
sinistros, como que anunciando o fim.
PROJEÇÃO
Fonte
importante para a compreensão da arte de Van Gogh é sua correspondência
com o irmão Théo (publicada em 1914). São cartas da maior vivacidade,
cheias de paixão ardente pela arte, cheias de observações penetrantes
sobre pintura e verdadeiros gritos de dor do infeliz, vivendo na miséria e
lutando com seu destino enquanto ninguém o conhece. Nessas
cartas, assim como nos seus quadros, revela-se o gênio de Van Gogh,
ostracizado pela sociedade. Sua vida corresponde em tudo à lenda
popular da vida do gênio incompreendido: nunca conseguiu vender um
único daqueles quadros pelos quais hoje se pagam importâncias
astronômicas.
Van
Gogh exerce influência sobre a pintura francesa do começo do séc. XX;
Vlaminck, Soutine, certa fase de Picasso são testemunhas disso. Mas foi
muito maior a influência de Van Gogh na Alemanha; Nolde, Marc, Pechstein,
Schmitt-Rotluff, Dix, Kokoshka são seguidores seus. Van Gogh, o último
grande pintor do séc. XIX, é, ao lado de Munch, o precursor imediato do
Expressionismo.
Obs.
Outros dados sobre sua vida e obra encontram-se em Van Gogh 2, 3, 4 e 5.
Fonte:
Enciclopédia Mirador Internacional,
Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
Rio de
Janeiro, São Paulo, Brasil, volume 20, pág. 11.293
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L'Arlesienne, Madame
Ginoux |
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Branches of an Almond Tree in
Blossom |
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Field with Poppies
1 |
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Houses in
Auvers |
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Memory of the Garden at
Etten |
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Entrance to a Quarry near St.
Remy |
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The Garden at Saint-Paul
Hospital |
Créditos
Fundo
Musical:
Boccaccio, de la Opereta Boccaccio
Franz
von Suppé, 1819-1895
Produção
e Formatação:
Mario
Capelluto e Ida Aranha
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